segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Gilliat e Deruchete


Naufrágios sao frágeis para seus braços,

Trabalha na gávea, na proa, no mastro, vai farto!
Confia Gilliat em seu esforço, assusta-se e dança!
Engole a onda, a longitude, lasca de lenha balança e
Durande, vapor velho, encalha um parto no vácuo...

Eterna ventosa lambe a chaga, labuta infinita
Chacoalha o oceano o casco da pança, gaivota...
A âncora engasga, em asma o fole, trapaça gravita...
Devaneia Deruchete no balanço, serenata na infância...
Persista!

Bonnie Dundee é conforto ao desespero. Sua herança
tem os nervos como cego nevoeiro, beija e cansa
Vai marinho, cavalgar a tempestade... toma as rédeas!
O herói deixou um marco em meu peito, como nódoa
Latejando de profícua lealdade ao que planeja, o marujo que gargalha...
Que suspeito ser o mesmo que trabalha... ou quem ara
Quem areja com esforço a sutileza desta terra, a natureza
Não aceita que marés devorem braços que operam...
Nada, nada, bate as asas, já sangraste em demasia pela praia
O castelo de areia cede ao vento mais eterno!

BELO MONTE

Tenho um vulcão de lava fervente
Comprimido num tubo de pasta de dente
É meu peito explosivo e palpitante
Picareta marretando a dinamite

Furacão que rodopia a cabeleira
Borboleta na neblina, Cachoeira
Represada, Belo Monte assassina
Tenho a fúria mal dormida e mal domada

Natureza dominada atrás da roupa
Confortável no inferno faço a barba
Trago poucos impropérios além da raiva

A beleza aprisionada na falésia
O pavio encurtado à navalha
A falácia alivia, mas não salva!

Cavaleiro de Copas

Tiraste de Perseu o seu escudo
Do reflexo da medusa não tens medo
A coragem da inocência é o remédio
Contra a sombra abstrata do absurdo

Vieste em vestido de festa ao rochedo
Teu colírio jogas fora, não precisa.
Precipício abre a boca implorando
Sacrifícios seculares, tu cozinhas um coelho!

A leveza de seus passos é levedo
De cerveja aos monogástricos, brilha os pelos...
São fantásticos os fogos de artifícios

Que explodem quando passas em meu peito
A coragem que incitas quando brincas
Faz mais forte o pai que busca por emprego!

É minha filha a heroína do enredo!

Dr. Jekyll: Pb > Au


Persiste o Etrusco no sangue bruto,
Busca a resposta encravada em dupla
Hélice. Bruxuleia alquímica lanterna,
A mirada assusta se o estribo vibra ao sinal que escuta:
“- Bebe do cálice!”

A epiderme grita ao escorrer nas coxas
A matéria amorfa que precede a vida
Nos belisca a garra da tragédia humana,
Odalisca afrouxa o quadril que dança!
“- Suga da música!”

Castiga a torre, cede o castelo, o desejo clama!
Quando o passo cansa e o olhar embaça,
Força-te ao braço que sustenta o barco! Surgem escamas...
Incendeia a flecha que te alveja o corpo!
“- Deja la máscara!”

O uivar lupino vem oportuno acender a chama.
Balançando o berço, o acalentar tranqüilo
que amamenta Roma... Meu cavalo escuma
e pisoteia o pasto. Rodar a fortuna com a mesma pata! Carmina Burana!
“- Dispa da túnica!”

O tambor palpita ao sopé do abismo, aborígenes
Caçam marsupiais dos istmos. Unem penínsulas
Ao continente. Usurpa ao urso ou ao lagarto
A língua bífida! Descer degraus na escala ígnea...
“- Cava um buraco!”

Beija ao inseto, maneja a célula, retoma o mapa
Do elemento químico, controla o átomo, fira a hemácia
Mói a molécula, maquia a face, modela a massa,
Retorne a sala do hotel. Tranqüilo... Ela não viu!  
“- Abra um sorriso! Dr. Jekyll






quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O trânsito da verdade


A verdade está na rua!

Não se submete aos acordos finaceiros

Por mais distante que pareça

Não cheira à limpeza dos coquetéis

Nem dos gabinetes de governos

A verdade, absurdamente escondida

Suspende -se para além das infames escolhas capitais

Decide o lugar sujo da terra

Os esgotos dos aglomerados

Escolhe as faces ocultas das crianças brincando nos becos ao sul do mapa

Anseia por aparecer, mas devagar se transmuta

A verdade não tem pressa

Sabe que vai chegar

De um jeito ou de outro

Dela não se foge

Faceira, ela tenta sobrevivência

E quão dura isso se possibilita

Mas a verdade não desiste

Ela tenta mudar o conceito

Pois essa linguagem escravizada não mais a permite

Foge da arrogância de quem a considera na mão

Pois a verdade é construída

E da sujeira renascida

Pode ser preservada.

Laila

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

desimperativo

Canse, mas descanse
Calce, mas descalce
A mente, tente sempre ao seu alcance
Lute, mas não esqueça se é o que sente.

Laila

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

MORO NESSA CASA VAZIA

Eu moro aqui nessa casa
Vazia por certo, deserta!
Tenho água encanada,
Luz elétrica, comida farta
Isso me basta!

Tenho empregada doméstica
Que vêm todas as quartas
Livros que me distraem...
Samambaia plástica...
Faço ginástica!

Tenho bons filmes na tela

Vela para imprevistos,
Tenho carteira que como lábios
Pede amor por tele sexo!
Conto anedotas...

Aburguesado vou à balada
Derramo vodka
Com energéticos,
Sou mesmo foda e
Tomo remédios...

Minha família é um fantasma
Escuto trance ou tecno...
Me manifesto pela internet
Adoto uma árvore...
Sou agnóstico!

O operário da obra é brega... e fede!
Imprestáveis os que fazem greve!
Tenho nojo de quem sua, toda plebe!
Malditos sem-terra...

Eu xingo toda a gentalha!
Estaciono meu carro,
Faço plano de saúde...
Aciono o alarme...

Eu moro aqui nessa casa, vazia por certo!
Como meu cérebro!

ENTROPIA MONETÁRIA



Se a música me embala e a cantiga vem, me nina!
Se o cheiro do incenso me domina e a mágica me cala.
Num susto pelo álcool que embriaga, absinto em meu soluço!
É a droga que me fere e me fareja, quase minto!

Sabem assim, dessas mensagens tão sublimes
Que me estudam os detalhes dos sentidos
Embaralhando meu desejo a um abismo,
Gritam que eu salte! Mas por favor, não me maltrate!

Se a energia quando eu compro é cara,
Já quando vendo se traduz em meu salário.
Entropia monetária? Quem se apropria?

Obedeço a um principio claro!
Trabalho!

Minha força não se mede em joules
Perde-se em física jornada,
Contam horas de entrega e me pedem
Mais um samba, mais um trago

Um crime é cometido contra o caráter
Em minha tábua entalham leis com a chibata
Guardas me calam... Dai-me a cachaça!

Se o sino da igreja marca as horas nos badalos
Me engana o padre, quando falo de pecados
Sendo a bíblia um engodo genocida, então me calo!

A fábrica marca o tempo num apito
Meu patrão é um monarca, devo-lhe a vida!

Se as bandeiras da torcida se maltratam
E os dois times em verdade, são o mesmo!
Quem desejo ver metendo a mão na taça?

Na TV passa um programa apelativo
E como obvia reação eu me masturbo.
Dai-me mais dessa piada, somos o circo!
Cerquem os soldados, metam na jaula!

Meus instintos se enroscam em cada esquina
E como peixes, mordem iscas, eles me fisgam
E me desvio de mim mesmo, e me procuro!
Por mais que pense, quase macaco. Me domesticam!

Se os estandartes de minha escola se descolorem
Ao perceber meu carnaval nascer do crime
Em quem confio?

Tudo que passa, cobre um pouco meu domínio!
Em meu pulso um relógio me retarda!
Raízes velhas, quase invisíveis são violadas...
Como faço? Como entendo tudo isso?

E o poema, como sai dessas amarras?
Seqüestrado, preso em algemas! Arrebentado!
Sempre caio em armadilhas! Elas são lindas!

E a alma? Que resgate é exigido!
Como trago? Se a fumaça fecha os olhos de meus filhos!
Como toco aquela pérola escondida, no infinito?

Um represa se constrói em nosso rio!
Quase um incêndio na floresta de meu instinto!

Se o universo trama e conspira...
As borboletas batem asas na Austrália
O que eu tenho a ver com tudo isso!?
Se lá na Grécia, tem um povo que batalha
Me tocam pedras Palestinas, vindas das fundas!

Se os búzios se contorcem no balaio e contradizem
O que sinto aqui no peito, bem no fundo...
E me revolto! Meio confuso!

Essas idéias vêm assim tão primitivas
E me assaltam bem de leve, como libélulas!
Me incomoda uma pontada dentro da carne
Vem perfurando minhas camadas, como um dardo
Em meu alvo... Em minhas células! Como um berne!

Sem mais silencio, nem se camufla... Me desafia!
Tal qual mística esfinge...
Dor de cabeça!

E o perfume da senzala regozija em minha alma e nas narinas!
E pela noite meu cavalo vai relinchando solto no pasto!
Do oceano vem uma brisa... A tempestade!
Algo me diz que liberdade é mais que isso!

Mas o que faço?

Se a musica me embala... O álcool me embriaga... O meu time mete a mão na taça... Minha escola vai para o samba desinibida... Dança a mulata, decotes fartos... E meu sorriso faz-se sem pressa... Vai meu poema, cambaleado pela cachaça!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Flor menina*




ela nem veio
mas já é
uma flor-menina
nina
niña
ela é menina-semente
semilla, amada, plantada
cosechada!

é ela
pequenina
não se sabe o nariz ou a pétala
mas inteirinha
já nos faz esperançosos no devir tão linda!

é uma flor
mulher futura
talvez coralina!

uma planta
um ser humano
mais natureza
mais homem-mulher-criança
certeza que se afirma!


* à menina-flor, Maria Flor que está chegando, filha dos camaradas Flávia Nolasco e Lucas Barros


Laila

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Os privados de palavras


Amontoados ou em células
no pátio olhando a tela
anunciando o que se denuncia
enunciando o que se silencia

os privados da palavra
anseiam por algo mais que silêncio
reveem da cela não alva
algo que não pode mais ser consenso

palavra não pronunciada
violência sempre alicerçada
na língua do mudo
nos ouvidos do surdo

Laila, 15/07/11


terça-feira, 17 de maio de 2011

Os vigias*

De cima do muro
olhando o presídio
de armas em punho
olhos fixos
ouvidos atentos
Atentos a quê?

Eles não sabem!

Lá de cima
de pé
de plantão
os vigias
não sabem o quê
nem pra quê
vigiam

só estão lá!

E não sabem
ou fingem
ou é melhor
ignorar que:
são vigiados!

Há algo mais
que homens armados
a vigiar
a punir
a controlar
há olhos eletrônicos
há tecnologia de poder
há invenções vigilantes

Os vigias esperam
não se sabe
até quando(?!)

Sabe-se que
lá dentro
da cela
do cárcere
da mente
há algo que

simplesmente

não se vigia!

* Laila, em 15/04/11, em viagem cotidiana para Ribeirão da Neves, contemplando os vigias em cima do muro das unidades prisionais.






quinta-feira, 5 de maio de 2011

Meu inimigo Lobo




(Psiquiátrico?)

Aqui dentro mora um lobo,
(aponto com o dedo indicador para o meu rosto)

Tem dois metros da pata até o focinho,
Pelo branco, grisalho, com os olhos escuros. (Mas é um menino)

Olhos atiçados em buscar novidades,
Gosta de ver o mundo em mudanças.

Anda imponente,
Como os solitários intuitivos.

Que olham de fora do corpo
Pressentem os desígnios.

Gosta do cheiro do colo das meninas
Do som de suas vozes.

Gosta da fumaça do cigarro,
Dos desenhos que ela faz.

Saliva frente a cachaça,
Delírio de vinho.

Animal noturno,
Luz só a minha e a do luar.

Ser das disputas
Alimentado da grande política.

Meu inimigo mais próximo...
Devo cuida-lo e controla-lo.

Amo
e
Temo.

Quando não o levo para passear,
E o deixo correr solto, livre.

Mastiga-me por dentro,
Alimenta-se de tudo que tem luz.

Meus olhos fervem,
Meu corpo, internamente, é mutilado.

Mais vivo,
Mais morto.

Lhe dou placebo , Respiridona,
Rivotril, Lítio e Carmomazepina.

Para que hiberne como um urso,
Ou apazigue como um elefante com amarula.

Doces venenos do nosso convívio contínuo,
Por caminhos distantes, horizontes.

Nessa estória,
Mentira é só minha loucura.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Para uma genealogia da palavra

(Laila)
E nem se podia dizer
palavra
pois de consciência
que aquilo era
palavra não se tinha

A palavra não se sabia
mas já se sabia ou se ouvia
rio, flor e cotovia

Não tinham nomes
não nomeados
mas de cheiro e cor
já se faziam

não se definia o gosto
mas era bom
comer banana
ou peixe todo dia

O dia amanhecia
e anoitecia
mas que era assim
que se chamaria, não se inferia

à noite
não se dava conceito
mas já de muito tempo
já existia
era nela que
pato, onça, cavalo
homem e mulher
dormia

A chuva
refrescava da ensolarada
mas que era isso
ninguém se valia

a semente caía
da boca do pássaro
e daí virava:
arvore e flor
e fruto
e outra de novo
mas mesmo assim
não se sentia

e depois foi
palavra que
veio dando nome
e verbalizando
e fazendo
tudo o que existia,
mas já existia!

Mas agora tudo ganha um lugar
e vai no papel ficando
porque História
é galhardia!

O que foi
depois nem se ouvia!

E foi surgindo
machado, foice, pedra lascada,
e o trabalho ia forjando valentia!

E levantou a coluna
e foi andando
de dois pés
e foi-se fazendo
voz
pra garantia

E passou a
mudar as coisas
e foi conceituando tudo
e pra tudo uma serventia

E tirou coisa do lugar
e foi fazendo
mais coisa
de quem nem precisaria

e foi achando
mais necessário
e chegou-se à mais-valia!

E explorados
e alienados
enxergar
ninguém mais podia

E era por música,
propaganda
que se ia
propagando
tudo o que fosse
compra podia

E achou que
representado
ele podia
no poder democracia

e foi-se perdendo
no ter
e deixou de ser
quase mais não se fazia

o material que
transforma no processo
se perdia...

e teve que
achar jeito
de mudar
assim se organizaria

e pretendeu
fazer outro poder
e de forma que
participaria

porque já de
não ser
não gostava
e viu que de outro
modo seria

está praticando até hoje
porque do pesadelo
acordou o dia
em que acreditou
que
o mundo todo Revolucionaria!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Nas asas de Ícaro


(Psiquiátrico ?)



Meu corpo muda,
Com um sopro leve do coração,

Dez mil beija-flores
Uma canção

E minha razão,
Repousa
Nas asas
de
Ícaro


sábado, 30 de abril de 2011

Minha Romeirinha (para Gabriela)




Vai menina, para seu mundo de encantos.

De flores e sons.

Lugar de sua inspiração.


Onde é mais alegre

Quanto mais colorido,


Com um sorriso

Que faz a vida se render,

Lhe desejar e defender.


Minha companheirinha dos dias,

Amiga do tempo,

Romeira do mundo.


Que voem seus passos!

Acompanharei com meu coração alado


Vai meu abrigo!

Caminhe. Estou contigo.

Sempre estive!


Lhe fiz e refiz-me.

Refaça-se -sempre!

Vá de passos leves e olhar profundo.


E de vez em quando, venha....

Também preciso de morada.

(Léo Haua)

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Tempo Livre - 4 horas, 4 dias


(Léo Haua)
Meus companheiros andam desesperados,
Como os faróis embriagados às 4 horas da manhã.
Velocidade alta e percepção alterada,
Buscando o lugar mais rápido de chegada.

Meus companheiros estão dispersos,
Espírito cansado e corpos feridos,
Querem respostas rápidas,
Resistem por instinto.

Mas estão atentos, reconhecem nosso signo.
Não abandonarão as trincheiras.
Essas feridas, sejam curtidas ou cultivadas,
Precisam de tratamento, serem lambidas.

Chegou a hora de lutar pelo tempo,
Somos feitos de outra matéria,
Diferentes de qualquer mercadoria,
Só em nós, há sonhos e melancolias.

Somos nós os portadores deste desafio,
Os zeladores das pedras de Sol,
Esses não nos abandonaram.
Chegou a hora da preparação dos planos.

Precisamos lutar pelo tempo da canção!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mamutes e Amores

(Marcelo Campello)
Escrevia eu de Mamutes, concentrado em minha tese!
Em meu quarto a lamparina cansada, eu forçava um ensaio!
Mamutes, paquidermes? Quase isso, que abuso!
Enfim, arrombando as paredes, aparece o tipo raro!
Era ele, onipresente derrubando toda a casa!
Retorcendo o marfim em minhas páginas...

Bom, depois foi impossível seguir o estudo!
Ele estava ali, presente! Abusado! Já não era mais possível
Escrever sobre o Mamute... Me pisava!
...
Escrevia eu de Amores, concentrado em minha tese...
Que assunto delicado!
Tranquei a porta assustado!

Outubro Rubro: À DERIVA



Outubro Rubro: À DERIVA:
(Marcelo Campello)

Vou soltar um pouco as rédeas,
Confiar a meu cavalo, meu caminho.

É eterna a nebllina que me envolve
Minhas pernas sao tranquilas e deslizam
Pela relva e pelo instinto, sem mistério!

Ver que os deuses jogam cartas
E os ciganos, dos sinais não me revelem
e nem me avisem o que os astros em seus ciclos,
profetizam...

Afrouxar maneiro as velas e de leve
Vou mirar pela escotilha percebendo
Qual o mar me navegou durante a noite
e onde ancora já bem tarde, meu navio

Descobrir de novo a praia... e as sereias
Que florestas me devolvem!
Que deserto se reserva a meu destino!

Vou soltar assim, de leve, as rédeas...
A maré vai definir meu desafio!
E respostas não procuro. Tenho alma e
O caráter é quem molda meu futuro!

Fazendo o mundo girar



Vejam essas crianças.
Brincando de ciranda,
Fazem o mundo girar!
(Léo Haua)

Nossa verdade: aos que lutam!


(Ana Claudia Tavares)
Vocês me agradecem e dizem:
Parabéns!
Mas sabem e comemoram
Pois a vitória é de cem
Ao menos, mas são muitos
E o êxtase em meio à agonia
As unhas que quase acabam
Na espera, na expectativa
Surgem as pérolas do dia
Da angústia que guia
Ao cigarro que acaba
Seguimos por trechos áridos
Com a força dos que aguardam
Enquanto lutam
Bravos!
Que nos empurram no cansaço
E os orixás parecem alinhados
Ao lado
Abrindo caminhos
E nos empolgam
As mínimas conquistas
Porque sabemos
Que cada sorte
É fruto de empenho
E energia viva
Do povo que levanta
Disposto e grita:
Seremos livres!
Venceremos!

Libertação


(Ana Claudia Tavares)
Liberto-me das fitas
Que me quero louca
Envolta em melado
Tocar a brisa
Luzes que refletem água
Amores que vivo intensos
Carinhos, pois me pertenço
Num mergulho lúcido invento
Até cansar de rima ou verso.

A vida que em mim vive

(Léo Haua)
Insegurança gela meus pés,
Sinto agonia de minha criança.

A vida que em mim vive,
Perdeu seu raio de Sol.

Sombras impõem o medo,
Não me reconheço no que vejo.

Busco nos olhares
Os caminhos para primavera.

Mas eles fogem e me procuram
Alimentados por dúvidas.

Meu banquete é de realidade e sonhos,
Minha sobremesa são os vícios.

Espero ansioso que um pássaro de sol,
Pouse em meu ombro no caminho da esperança.

Dançando a caminho da liberdade


(Léo Haua)
Vou entregar meu sorriso,
Que anda cansado e com medo,
Encolhido no canto dos meus desejos.

Esse cansaço não se remete a idade,
Mas a velocidade!
Que espanca a esperança.

O horizonte se aproxima,
Me coloca novamente frente à imensidão,
Trazendo-me massas com voz e dores.

O berro rompe o silêncio do meu pranto,
E bandeiras dançam a caminho da liberdade.

Incompleto, retorno a morada dos risos,
Trazendo o Sol em meus olhos e um girassol no cantar.

Toco e o Universo Expande


(Léo Haua)
Amor Presente

Toco seu corpo
Universo se expande,

Brilhos e sons,
Densidade e presença,

Sentida e complexa
Tudo e vida.

Sentimentos, instintos
E razão avançada.

É estrada de Sol
Em tempo noturno,

Caminho de luz,
De carne um abrigo.

Passos de gentileza,
No chão de combate.

Descanso dos olhos,
Canção de gemidos.

Sopro de alívio
De um sono sem paz....

Companheirando


(Léo Haua)
Venha amada, nesse tempo noturno
Brincar de claridade.

Mil pés de percorrer caminhos,
Mil mãos de alcançar estrelas.

Servir de vinho e infinito
As idéias secas – de cercas.

Ser e vir armados,
Amados em sutilezas.

Venha, deite-se sobre o meu sorriso,
Pelos seus motivos – Me faço revolução!

Construo com seu corpo
O meu gosto em sua saliva.

No seu pescoço guardo em segredo,
Meu abrigo do medo.

Esperançando o Sol,
Amanhecendo fogueira,
Clareando...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A MENINA NA CAVERNA

(Marcelo Campello)
Entrei naquela caverna, ali uma menina
Chorava escondida, desesperada dizia:
- Meu tempo vai acabando, estou fria!
Desejei poupar-lhe de sua notícia-sina!

Voraz devorava o mármore! Seus caninos
e a gengiva em sangue mastigavam o vício.
Meu coração ouvia e badalava em sinos...
Búfalos em marcha sobre a derme de silício.

Deitei ali ao lado, uma cantiga fez a voz
Balançar em minhas cordas, que sem nós
Serviu como carinho, embalada ela dormiu!

Tenho pouco, quase nada! Mãos vazias, trago
Assim uma palavra, uma frase ou um fuzil
Meu abraço é abrigo a um amigo! Um afago!

Ou um tiro...
Meu refúgio é como exílio de naufrágios!

Menina Dourada


(Gabriela dos Santos Haua)

Uma menina dourada,
Quase pelada.

Não sei se é criança,
Ou se é peixinho do mar.

Brinca na praia,
Mora na praia
E na praia quer se casar

Com um menino dourado,
Quase pelado.
Que nada melhor do que anda

E juntos vão criar seus filhinhos, peixinhos
Brincando nas espumas das ondas


Sabiando seu caminhar ( para as minhas Romeiras)


(Léo Haua)

Caminhar...
Por todos os descaminhos,
Por onde passou seu sorriso

Conhecer...
Cada retalho colorido,
Que costurou sua alma.

E ouvir...
Sua voz e seu canto,
Como letras cifradas

Sem temer...
O longo futuro
Gestado no céu de sua boca.

Amanheceu cor púrpura



(Léo Haua)
Amanheceu cor púrpura,
Eu, que acordei cedo, vi.

Os que passaram a noite acordados
Por medo do escuro,
Ou pelo prazer de tê-lo, também.

Acordei querendo um girassol na janela,
Colocar a vista o querer do peito.
Além dele o que sobra?

Os que te encontraram púrpura
Por prazer de girassóis serem,
Agora dormem sem sonhos ou pesadelos.

Os que te encontraram púrpura
Por medo do escuro ou no escuro protegeram-se,
Agora dormem no girassol do dia.

Leve-me criança, a sua ciranda de desafios


(Léo Haua - Homenagem as jovens militantes socialistas)

Num campo de flores que falam,
De fadas, ciganas e sereias.
Uma menina...

Uma menina?!

Mas aqui é lugar dos encantados,
Dos que se vestem de lírios
Das que se vestem de lírica.

Mas ela é a senhora dos encantos,
A comandante dos malditos,
A que criou o vinho.

O vinho?

Encantou a serpente,
Comeu a maça, fez brincos dos caroços.
Lambeu o suco, salivou em suas mãos,
E esfregou no seu rosto.

E o vinho?

É a bebida dos malditos,
Que sobre seus delírios
Vestem-se de lírios e líricos,
Encantados e encantadores

Fechem os olhos. Repitam comigo:
Saia! Vá embora! Rejeitamos os malditos!
Repitam de novo: Saia vá embora! Não me encantam, é só delírio!

Chega, abram os olhos,
É tão bonita! É uma menina...
Leve-nos criança, a sua ciranda de desafios.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Psiquiátrico?

(Léo Haua)

I
Afetos e desafetos
Costuraram o sorriso que carrego hoje.

Que brilha ao luar,
E se abre como flor ao novo.

Incertezas alegram o caminho
E sorriem com segurança.

O corpo reage a instintos
E a razão busca-se, não em vão.

Desafios? Tenho.

II

Um dia sem cantos e desencantos,
Como uma tarde de brisa aos sábados.

A angústia do tempo
Envolvem-nos com a raiz do medo

Pensamentos como beija-flores,
Rápidos me dispersam.

Tornando maior a angustia,
Do vazio que cresce como lua cheia.

Até que palavras se encontram,
Que encontram os sentimentos.

Sentimentos presentes, passados e vindouros,
Lançando encantos à razão.

E leve como seda perfumada,
Um fio fino tece um verso.

III

Como uma criança no escuro,
Desesperado, procuro – me,
Nas paredes do labirinto do que sinto.

Vou construir uma casa de barro,
Para zelar pelo sossego.

Ao horizonte voa meu lenço vermelho
Que dança leve e afiado.

Convidando-me a voltar a trilha,
De mata fechada e cheiro forte.

IV

Vou entregar meu sorriso,
Que anda cansado e com medo,
Encolhido no canto dos meus desejos.

O horizonte se aproxima,
E me coloca frente à imensidão,
Trazendo-me massas com dores e voz.

Um berro rompe o silêncio do meu pranto,
E bandeiras dançam a caminho da liberdade.

Completo, retorno a morada dos risos,
Trazendo o Sol em meus olhos e um girassol no cantar.

V
Insegurança gela meus pés,
Sinto agonia de minha criança.

A vida que em mim vive,
Perdeu seu raio de Sol.

Sombras me impõem o medo,
E não me reconheço no que vejo.

Busco no seu olhar
Os caminhos para primavera.

Mas eles fogem e me procuram
Como todos que se alimentam das dúvidas.

Meu banquete é de realidade e sonhos,
Minha sobremesa são os vícios.

E espero ansioso que um pássaro de sol,
Pouse em meu ombro no caminho da esperança.