(Laila)
E nem se podia dizer palavra
pois de consciência
que aquilo era
palavra não se tinha
A palavra não se sabia
mas já se sabia ou se ouvia
rio, flor e cotovia
Não tinham nomes
não nomeados
mas de cheiro e cor
já se faziam
não se definia o gosto
mas era bom
comer banana
ou peixe todo dia
O dia amanhecia
e anoitecia
mas que era assim
que se chamaria, não se inferia
à noite
não se dava conceito
mas já de muito tempo
já existia
era nela que
pato, onça, cavalo
homem e mulher
dormia
A chuva
refrescava da ensolarada
mas que era isso
ninguém se valia
a semente caía
da boca do pássaro
e daí virava:
arvore e flor
e fruto
e outra de novo
mas mesmo assim
não se sentia
e depois foi
palavra que
veio dando nome
e verbalizando
e fazendo
tudo o que existia,
mas já existia!
Mas agora tudo ganha um lugar
e vai no papel ficando
porque História
é galhardia!
O que foi
depois nem se ouvia!
E foi surgindo
machado, foice, pedra lascada,
e o trabalho ia forjando valentia!
E levantou a coluna
e foi andando
de dois pés
e foi-se fazendo
voz
pra garantia
E passou a
mudar as coisas
e foi conceituando tudo
e pra tudo uma serventia
E tirou coisa do lugar
e foi fazendo
mais coisa
de quem nem precisaria
e foi achando
mais necessário
e chegou-se à mais-valia!
E explorados
e alienados
enxergar
ninguém mais podia
E era por música,
propaganda
que se ia
propagando
tudo o que fosse
compra podia
E achou que
representado
ele podia
no poder democracia
e foi-se perdendo
no ter
e deixou de ser
quase mais não se fazia
o material que
transforma no processo
se perdia...
e teve que
achar jeito
de mudar
assim se organizaria
e pretendeu
fazer outro poder
e de forma que
participaria
porque já de
não ser
não gostava
e viu que de outro
modo seria
está praticando até hoje
porque do pesadelo
acordou o dia
em que acreditou
que
o mundo todo Revolucionaria!
Muito bom mesmo Laila, parece o Operario em Construção, mas no caso aqui seria a Palavra em Construção! Beijos!
ResponderExcluirOh, linda! Que lindo!!!
ResponderExcluirE assim se fez a poesia...
E foi assim que, desta forma
Descobri a menina poetista...
Beijos,
Meire
Muito boa a construção poética. Fiquei arrepiado ao ler!
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