Dessa parte, ser humana, que me habita.
Camarada Poema
Sítios de escavação literária de amigos, companheiros e heróis de um cotidiano oculto!
terça-feira, 6 de setembro de 2016
Como Adão treinando cães no paraíso
Dessa parte, ser humana, que me habita.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Estação
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Saraivada
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Reflexão
que corte profundo
que sangre a verdade
no corte do mundo
Passeio entre os ramos
de flores e espinhos
não vejo a mudança
mas vejo um caminho
Eu velo o sono do campo
e da mata
não saio de perto
só peço que algo se faça
Eu traço uma linha
de escrita com jeito
que pede outra vida
batendo no peito
Laila
sábado, 21 de julho de 2012
Quando você voltar
a varanda vai estar florida
vou sempre manter alguma cor
Estarei sentada à janela
ou à porta
pois minha esperança
é servida em meu prato todo dia
Se acaso nunca voltar
(me encanta/espanta a coragem
dos desaparecidos!)
eu espero a tentativa
de um sinal
algo de sua vida vivida
que compartilhe segredos
ou me(nos) envie
alguma palavra
Onde você estiver
mesque não o conhecendo
você faz parte de mim
pois
(des)aparecido
és um
dentro do todo
que nos compõe...
Laila.
Para Vinícius Maia Carvalho e todos os desaparecidos do mundo
domingo, 10 de junho de 2012
A história da cabeça que fugiu dos pés!
A história da cabeça que fugiu dos pés!
The story of a head that ran from its feet
So they started to grow the way they could and just like that they were able to develop their wisdom, persistence and strategy.
Each one of them trying to get as high as they could. Stretching their branches towards the blue sky.
The big trees had their branches growing higher and higher but at the same time they were growing away from the other trees since the planet is rounded.
Don’t understand? Ok, I’ll explain…
At the beginning the branches seemed to grow parallel from each other but when looking towards the sky you could tell that the top of each tree was far away from each other.
Growing this way they could no longer communicate or exchange new ideas.
So to keep a conversation they had to yell at each other but after a while it became harder and harder so they decided to stop trying. With time all the trees lost their ability to hear or speak. What a shame… It seemed now that they were so independent and didn’t even need each other anymore.
The heads were growing so so so so far away from each other.
They were aiming to the sky, going as fast as they could; fearless and that was making their communication disappear…
All I know is that for each centimeter they grew up another centimeter would grow down making sure the roots were well solid and supporting their balance.
Deep inside in the dark soil mixed with bugs and leaves, the roots were growing towards the planet’s heart and, unlike the heads, they were approaching other roots time to time because they all had the same goal and direction.
So each step up ahead would mean a step down below and that was the only way the trees would grow. The roots got closer and closer that their ends touched each other, and tangled up with a whole new way of dialogue without the words once used but with more meaning and a stronger soul. It was just like a friendly and caring hug.
And it was created, at this moment, the same strength that developed a bellybutton in each one of us boys and girls who are fruits from those old trees still requesting us to grow big but to never forget that for each step ahead we should always grow a step inside. And to be just like the trees that even speechless still talk to you and me.
PS: The same goes for the lovers. When developing their relationships sometimes for reasons caused by life and such they need to go apart from each other making everything harder but making sure to have their roots tangled up deep down supporting each other and keeping each other warm always with love and care aiming in the same direction.
Translation by Alice Campello
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Gilliat e Deruchete
Naufrágios sao frágeis para seus braços,
Eterna ventosa lambe a chaga, labuta infinita
Bonnie Dundee é conforto ao desespero. Sua herança
BELO MONTE
Furacão que rodopia a cabeleira
Natureza dominada atrás da roupa
A beleza aprisionada na falésia
Cavaleiro de Copas
Vieste em vestido de festa ao rochedo
A leveza de seus passos é levedo
Que explodem quando passas em meu peito
É minha filha a heroína do enredo!
Dr. Jekyll: Pb > Au
Persiste o Etrusco no sangue bruto,
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
O trânsito da verdade
A verdade está na rua!
Não se submete aos acordos finaceiros
Por mais distante que pareça
Não cheira à limpeza dos coquetéis
Nem dos gabinetes de governos
A verdade, absurdamente escondida
Suspende -se para além das infames escolhas capitais
Decide o lugar sujo da terra
Os esgotos dos aglomerados
Escolhe as faces ocultas das crianças brincando nos becos ao sul do mapa
Anseia por aparecer, mas devagar se transmuta
A verdade não tem pressa
Sabe que vai chegar
De um jeito ou de outro
Dela não se foge
Faceira, ela tenta sobrevivência
E quão dura isso se possibilita
Mas a verdade não desiste
Ela tenta mudar o conceito
Pois essa linguagem escravizada não mais a permite
Foge da arrogância de quem a considera na mão
Pois a verdade é construída
E da sujeira renascida
Pode ser preservada.
Laila
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
desimperativo
Calce, mas descalce
A mente, tente sempre ao seu alcance
Lute, mas não esqueça se é o que sente.
Laila
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
MORO NESSA CASA VAZIA
Eu moro aqui nessa casa
Vazia por certo, deserta!
Tenho água encanada,
Luz elétrica, comida farta
Isso me basta!
Tenho empregada doméstica
Que vêm todas as quartas
Livros que me distraem...
Samambaia plástica...
Faço ginástica!
Tenho bons filmes na tela
Vela para imprevistos,
Tenho carteira que como lábios
Pede amor por tele sexo!
Conto anedotas...
Aburguesado vou à balada
Derramo vodka
Com energéticos,
Sou mesmo foda e
Tomo remédios...
Minha família é um fantasma
Escuto trance ou tecno...
Me manifesto pela internet
Adoto uma árvore...
Sou agnóstico!
O operário da obra é brega... e fede!
Imprestáveis os que fazem greve!
Tenho nojo de quem sua, toda plebe!
Malditos sem-terra...
Eu xingo toda a gentalha!
Estaciono meu carro,
Faço plano de saúde...
Aciono o alarme...
Eu moro aqui nessa casa, vazia por certo!
Como meu cérebro!
ENTROPIA MONETÁRIA
Se a música me embala e a cantiga vem, me nina!
Se o cheiro do incenso me domina e a mágica me cala.
Num susto pelo álcool que embriaga, absinto em meu soluço!
É a droga que me fere e me fareja, quase minto!
Sabem assim, dessas mensagens tão sublimes
Que me estudam os detalhes dos sentidos
Embaralhando meu desejo a um abismo,
Gritam que eu salte! Mas por favor, não me maltrate!
Se a energia quando eu compro é cara,
Já quando vendo se traduz em meu salário.
Entropia monetária? Quem se apropria?
Obedeço a um principio claro!
Trabalho!
Minha força não se mede em joules
Perde-se em física jornada,
Contam horas de entrega e me pedem
Mais um samba, mais um trago
Um crime é cometido contra o caráter
Em minha tábua entalham leis com a chibata
Guardas me calam... Dai-me a cachaça!
Se o sino da igreja marca as horas nos badalos
Me engana o padre, quando falo de pecados
Sendo a bíblia um engodo genocida, então me calo!
A fábrica marca o tempo num apito
Meu patrão é um monarca, devo-lhe a vida!
Se as bandeiras da torcida se maltratam
E os dois times em verdade, são o mesmo!
Quem desejo ver metendo a mão na taça?
Na TV passa um programa apelativo
E como obvia reação eu me masturbo.
Dai-me mais dessa piada, somos o circo!
Cerquem os soldados, metam na jaula!
Meus instintos se enroscam em cada esquina
E como peixes, mordem iscas, eles me fisgam
E me desvio de mim mesmo, e me procuro!
Por mais que pense, quase macaco. Me domesticam!
Se os estandartes de minha escola se descolorem
Ao perceber meu carnaval nascer do crime
Em quem confio?
Tudo que passa, cobre um pouco meu domínio!
Em meu pulso um relógio me retarda!
Raízes velhas, quase invisíveis são violadas...
Como faço? Como entendo tudo isso?
E o poema, como sai dessas amarras?
Seqüestrado, preso em algemas! Arrebentado!
Sempre caio em armadilhas! Elas são lindas!
E a alma? Que resgate é exigido!
Como trago? Se a fumaça fecha os olhos de meus filhos!
Como toco aquela pérola escondida, no infinito?
Um represa se constrói em nosso rio!
Quase um incêndio na floresta de meu instinto!
Se o universo trama e conspira...
As borboletas batem asas na Austrália
O que eu tenho a ver com tudo isso!?
Se lá na Grécia, tem um povo que batalha
Me tocam pedras Palestinas, vindas das fundas!
Se os búzios se contorcem no balaio e contradizem
O que sinto aqui no peito, bem no fundo...
E me revolto! Meio confuso!
Essas idéias vêm assim tão primitivas
E me assaltam bem de leve, como libélulas!
Me incomoda uma pontada dentro da carne
Vem perfurando minhas camadas, como um dardo
Em meu alvo... Em minhas células! Como um berne!
Sem mais silencio, nem se camufla... Me desafia!
Tal qual mística esfinge...
Dor de cabeça!
E o perfume da senzala regozija em minha alma e nas narinas!
E pela noite meu cavalo vai relinchando solto no pasto!
Do oceano vem uma brisa... A tempestade!
Algo me diz que liberdade é mais que isso!
Mas o que faço?
Se a musica me embala... O álcool me embriaga... O meu time mete a mão na taça... Minha escola vai para o samba desinibida... Dança a mulata, decotes fartos... E meu sorriso faz-se sem pressa... Vai meu poema, cambaleado pela cachaça!